quarta-feira, 27 de julho de 2016

Uma casinha

Às vezes a casa é grande demais, e o corpo mesmo assim não cabe lá. Mas são os pensamentos que precisam de caber no corpo e na casa. E aí muitas vezes tudo fica pequeno com bocadinhos de fora, que se perdem nos encontrões que damos nas paredes da rua. Não sei o que é que mais vale a pena: se é ter uma casinha pequena onde a porta está sempre aberta (fecham-se as portas só por causa dos ladrões) ou se é ter uma grande casa onde nada cabe em condições. Quanto a mim preferia ter a porta aberta e assim poder ver o que se passa lá fora. Tenho a certeza de que me serviria de inspiração (e tudo caberia em todo o lado).



O domingo

Os domingos são aqueles dias patetas que reservamos para dizer que estamos a descansar. Mas, não. Uns descansam e outros trabalham, ainda havendo os que são forçados a descansar porque nunca estão no trabalho. Sabe-se lá porquê. São muitos os que fazem do dia a dia um permanente domingo. E quando isso acontece até parece que não há dias da semana, não há ritmo, não há rotina, e, ou, sei lá, não há nada de especial. Mas o domingo é o dia da celebração de tantas coisas, porque alguém alguma vez disse que a semana começa neste dia e acaba no sábado seguinte. Não sei se é importante ou se preferia que não houvessem semanas, nem meses, nem anos. Envelheceria aos poucos, apenas porque notava mudanças em mim e podia ver as diferenças do meu rosto nas águas dos lagos e dos rios que passam devagar. Acho que preferia assim, ter inicio e fim e entremeio, sem que me impusessem regras. Tenho a certeza de que seria muito certinha, todos seriamos, tudo estaria programado para que a vida funcionasse duma outra forma.... Sem dúvida que tenho esse sonho em mim.



O grito

São estes pequeno quês que nos fazem arrepiar, mesmo não sendo adeptos de nada. Mas quando se é adepto de Portugal acabamos por, mais do que arrepiar, lançar gritos de alegria. Não grita o profissional, não grita o homem que estudou para relatar; grita a alma dum povo numa única voz; cala-se a voz quando agora todos gritamos ao som da nossa alegria. Afinal gosta-se ou não de futebol? E quando andamos para aí a dizer que o desporto não é só bola; que os jogadores ganham mais num dia do que ganhamos num ano; que o país quer é "fátima, fado e bola"? Dizemos alguma coisa ou apenas somos os protagonistas críticos dum desespero diário perante uma vida de contrariedades. Quem paga é o mexilhão, e as línguas crescem para o lado daquilo que gostaríamos de ser (ter) e parece que nos é inalcansável. Mas falamos e dizemos o que vem à cabeça. Se eles ganham são heróis, mas se perdem são uns privilegiados. E nós uns coitaditos que nunca temos nada. Ou uns enormes portugueses; deixamos de ser sofredores para ser um país. Mudamos tanto, tanto que até parecemos meios malucos a falar. O importante é que muitas vezes corre bem, deseja-se "boa sorte" e assim contribuímos para uma cota parte do sucesso. Às vezes até rezamos a Deus, ou fazemos menção disso com um sinal da cruz. Como se Deus percebesse alguma coisa de futebol! Mas não importa nada disso; o que importa é que ficamos felizes.



Se há coisa que este meu trajecto inglório me tem proporcionado é a criatividade. Sei que por vezes será chocante, para alguns, lerem o que escrevo (julgo que esses nem sequer conseguem ler porque não fazem parte do grupo de "amigos" - mas na internet nunca se sabe o que se lê ou não). Mas sei também que a palavra vai passando de uns para os outros, e sendo assim prefiro escrever do que apenas dizer; pelo menos há um registo que comprova palavra por palavra aquilo que foi dito. Não sou daquelas pessoas que dizem e desdizem, escrevem e fazem assinar palavras escritas, e depois não nos dão algo que comprove o que afinal concluiu o seu juízo. Este é o pequeno mundo onde fomos votados a morar, e que é tão cheio de arabescos que se entrecruzam... Quando eu trabalhava com pequenas crianças doentes lembro-me que adorava aqueles momentos mágicos quando lhes dizia: "Eu sou uma fada e as minhas asas são amarelas e cor-de-rosa". E depois ficava a vê-las espreitar descaradamente para as minhas costas ou mais subtilmente pelo canto do olho... Essas e outras coisas farão parte do meu memorial quando um dia eu morrer para a minha profissão. Mas o que nunca vou esquecer é de uma pequena palavra, talvez a mais importante que ouvi em toda a caminhada: o toque. O toque foi a maior descoberta que se deu na enfermagem, superior a qualquer especialidade - eu até acho que qualquer tese de especialização deveria falar obrigatoriamente no toque - aliás desde que ele faça parte da alma dum enfermeiro a especialidade não faz falta nenhuma. "... Ela manteve os olhos fechados e o seu silêncio. Assim permaneceu dias e dias na sua dor solitária. Ninguém a visitou. Ninguém perguntou por ela. Além de mim, ninguém lhe pegou na mão ... E talvez porque não tinha quem lhe limpasse uma lágrima, nunca chorou ..." Depois disso, as lágrimas têm o dom maravilhoso de me cair pelo rosto e eu sinto que alguma vez me senti bem no meu papel. Ela já não chorava, talvez porque as pessoas que (por pouca sorte) a rodeavam, eram especialistas demais. Já muito pouco me importa. Agora sou louca e sou velha, por isso tenho o direito de dizer tudo; além disso depois da tempestade tudo o que eu quero são dias de sol... E assim a minha vida vai ganhando os dias de sol, cada dia mais iluminado que o outro...



Diariamente assisto a investidas colossais para destruir a mente humana. E depois não digam que a doida sou eu, se eu afirmar que nunca tanta gente se preocupou tanto com tão pouco. Que é feito de gente que inventa alguma coisa para melhorar a nossa vivência sobre a terra? Gente criadora de coisas que nos deleitem sem nos agitar o corpo até à quase morte? Gente que investigue, descubra, prove, comprove e depois descanse sobre os resultados que transmite a quem não sabe quase nada. Hoje em dia corremos atrás daquilo que não existe, mas numa correria que nos destrói, numa ânsia que nos atropela e atropelamos quem está ao nosso lado, até conseguimos atingir quem está bem longe porque o alcance dos meios de comunicar são infinitos... não serão infinitos, porque infinito é o espírito... é uma forma de medir a grande dimensão. Porque a palavra infinito também se tornou infinitamente falsa. Pensamos que nos prolongamos, no poder, na inteligência, nas capacidades intelectuais. Pensamos. Efectivamente não. Parece que já ninguém entende que ser e estar é muito diferente de ter e deter. No fundo somos uns pobres espertos que caminhamos nesta lama nojenta de saberes que nos destroem, que nos abortam, e acreditamos que somos o máximo. Como ouvi dizer um dia destes a alguém detentor de um bom titulo académico "a senhora pode fazer tudo desde que não desempenhe actividades intelectuais". E nesse dia realmente eu fiz tudo: sentei-me, levantei-me, comi, bebi, falei, subi e desci escadas, mexi quase todos os músculos para que não entorpecessem mas também de forma que não me sentisse com muito calor (estava um dia que mais parecia uma brasa). Ahhhh... mas não desenvolvi actividades intelectuais... atenção. Foi uma ordem que dei a mim própria - Manela o intelecto vai separar-se do teu corpo e fica ali sossegado enquanto tu fazes tudo. O resultado foi claro: tive muito mais tempo para pensar, observar, discernir. Cuidado senhores que mandam nisto tudo. Nunca mandem separar uma coisa da outra (o corpo do intelecto), porque o resultado pode ser catastrófico e muita gente pode virar inteligente. É que correr atrás de Pokemons só requer um bocadinho de corpo e o resto é o que "eles" mandam fazer (até já se fazem seguros para quem investe muito com o corpo, é que se morrer sempre pode levar o seguro no sarcófago). O pior disto tudo é que no fim - o corpo é que paga!!!



A pontuação

Bom é ter a vida cheia de vírgulas (pausas pequenas para dar ênfase). Já os pontos finais são uma maçada porque requerem energia para recomeçar. Se bem que pior ainda são os pontos parágrafos; esses significam que começa tudo de novo. Muitas vezes é preciso; a pausa é maior para descansar, mas o que está para trás acabou. Já as reticências têm algo de animador, dão aso a que venha novidade... aquelas novidades que nem sabemos se dizemos ou não, mas que acabam com um ponto de exclamação; um grito de alegria, de admiração ou de terror. Seja como for mexe connosco e com os outros.Tudo tem o seu quê, tudo é vida, tudo faz falta. É na escrita que tudo luz seja de dia, seja de noite; dentro e fora de nós; no papel ou no ecrã do computador. E a alma eleva-se, pontua-se, regrasse, e regasse também o calor deste montinho de coisa que somos para passar-mos a ser grandiosos.


terça-feira, 26 de julho de 2016

Todos os anos, quando se inicia a Volta a Portugal em Bicicleta, sinto esta presença do meu pai ciclista. As histórias que ele contava acerca do que eram as bicicletas de rodas de madeira e o peso delas, e outras tantas e tantas histórias que ainda hoje me pergunto se eram verdadeiras, exageradas ou imaginadas. Para mim, criança atenta, eram o meu mundo e do meu pai (ele e as histórias que ele contava). E eu ficava a olha-lo com uma enorme admiração, sentindo que pai como o meu não existia outro em mais lugar nenhum. Pois bem amanhã começa a 78ª Volta a Portugal que termina precisamente no dia dos meus anos (7 de Agosto), na Praça do Comércio em Lisboa. Um dia propositadamente escolhido para eu estar lá e viver o momento da chegada, como o fazia com ele quase todos os anos. Propositadamente? Claro que não, mas para mim sim. É um dia que me fazia falta comemorar. Saudades de ti meu pai. Vamos os dois no dia 7? Está feito o convite...


O dia da mãe

Tenho estado aqui a pensar nesta coisa de existir um dia da mãe. No fundo no fundo é o dia de todos. Porque se a mãe tem filhos é dia dos filhos. Porque se a mãe tem pais é dia dos avós. E dos bisavós. E dos netos. E porque eu disse ontem à minha nora que para mim é o dia dela porque é a mãe dos meus netos, a única mãe que tenho é a mãe dos meus netos, também é dia das noras. Então numa simples operação de lógica, parece-me que é o dia de todos. E o dia de todos é todos os dias. Pois que os meus filhos não se preocupem com o dia da mãe porque eu, na minha vez de ser mãe apenas tenho que vos dar duas coisas: Raízes e Asas. E quando vejo que as receberam de mãos abertas estou a ser gratificada para todos os dias dos anos da minha vida.



segunda-feira, 25 de julho de 2016

Tu que trabalhas o sonho
e desenhas o barro.
Tens o dom dos sentimentos profundos
como uma realidade de dor,
alegria e amor.
Nascem os homens e as mulheres,
os hábitos e os sentires,
dum povo que labuta.
Cresce-te das mãos o mundo
de gente rude e simples.
E rasgas o chão...
extrais a argila,
nasce o boneco, 
a imaginação
e a alma.
E a roda gira sem parar,
gira o ser e o estar,
a arte, a poesia e o destino.
Tu que trabalhas o barro,
desenhas o sonho,
e a vida.



quinta-feira, 21 de julho de 2016

Marcos

Marcos 13

1 Quando ele estava saindo do templo, um de seus discípulos lhe disse: "Olha, Mestre! Que pedras enormes! Que construções magníficas!"

2 "Você está vendo todas estas grandes construções?", perguntou Jesus. "Aqui não ficará pedra sobre pedra; serão todas derrubadas."

3 Tendo Jesus se assentado no monte das Oliveiras, de frente para o templo, Pedro, Tiago, João e André lhe perguntaram em particular:

4 "Dize-nos, quando acontecerão essas coisas? E qual será o sinal de que tudo isso está prestes a cumprir-se?"

5 Jesus lhes disse: "Cuidado, que ninguém os engane.

6 Muitos virão em meu nome, dizendo: 'Sou eu!' e enganarão a muitos.

7 Quando ouvirem falar de guerras e rumores de guerras, não tenham medo. É necessário que tais coisas aconteçam, mas ainda não é o fim.

8 Nação se levantará contra nação, e reino contra reino. Haverá terremotos em vários lugares e também fomes. Essas coisas são o início das dores.

9 "Fiquem atentos, pois vocês serão entregues aos tribunais e serão açoitados nas sinagogas. Por minha causa vocês serão levados à presença de governadores e reis, como testemunho a eles.

10 E é necessário que antes o evangelho seja pregado a todas as nações.

11 Sempre que forem presos e levados a julgamento, não fiquem preocupados com o que vão dizer. Digam tão somente o que for dado a vocês naquela hora, pois não serão vocês que estarão falando, mas o Espírito Santo.

12 "O irmão trairá seu próprio irmão, entregando-o à morte, e o mesmo fará o pai a seu filho. Filhos se rebelarão contra seus pais e os matarão.

13 Todos odiarão vocês por minha causa; mas aquele que perseverar até o fim será salvo.

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 Marcos foi discípulo do apóstolo Paulo de Tarso e posteriormente de Pedro. Autor de um dos Evangelhos (O Evangelho Segundo S. Marcos), segundo as palavras e narrações que lhe foram ditas por S. Pedro. É o evangelho mais antigo e mais curto dos quatro evangelhos da Bíblia Cristã (16 capítulos) que conta a historia de Jesus de Nazaré. Nasceu cerca do ano 10 a.c. em Cirene, e morreu em Alexandria no dia 25 de Abril do ano 68 d.C. sendo considerado o fundador da Igreja de Alexandria, uma das principais sedes do Cristianismo primitivo. O evangelho tem origem romana embora tenha sido escrito em grego entre os anos 65 e 70 d.C.


Quem é que paga?

Diariamente assisto a investidas colossais para destruir a mente humana. E depois não digam que a doida sou eu, se eu afirmar que nunca tanta gente se preocupou tanto com tão pouco. Que é feito de gente que inventa alguma coisa para melhorar a nossa vivência sobre a terra? Gente criadora de coisas que nos deleitem sem nos agitar o corpo até à quase morte? Gente que investigue, descubra, prove, comprove e depois descanse sobre os resultados que transmite a quem não sabe quase nada. Hoje em dia corremos atrás daquilo que não existe, mas numa correria que nos destrói, numa ânsia que nos atropela e atropelamos quem está ao nosso lado, até conseguimos atingir quem está bem longe porque o alcance dos meios de comunicar são infinitos... não serão infinitos, porque infinito é o espírito... é uma forma de medir a grande dimensão. Porque a palavra infinito também se tornou infinitamente falsa. Pensamos que nos prolongamos, no poder, na inteligência, nas capacidades intelectuais. Pensamos. Efectivamente não. Parece que já ninguém entende que ser e estar é muito diferente de ter e deter. No fundo somos uns pobres espertos que caminhamos nesta lama nojenta de saberes que nos destroem, que nos abortam, e acreditamos que somos o máximo. Como ouvi dizer um dia destes a alguém detentor de um bom titulo académico "a senhora pode fazer tudo desde que não desempenhe actividades intelectuais". E nesse dia realmente eu fiz tudo: sentei-me, levantei-me, comi, bebi, falei, subi e desci escadas, mexi quase todos os músculos para que não entorpecessem mas também de forma que não me sentisse com muito calor (estava um dia que mais parecia uma brasa). Ahhhh... mas não desenvolvi actividades intelectuais... atenção. Foi uma ordem que dei a mim própria - Manela o intelecto vai separar-se do teu corpo e fica ali sossegado enquanto tu fazes tudo. O resultado foi claro: tive muito mais tempo para pensar, observar, discernir. Cuidado senhores que mandam nisto tudo. Nunca mandem separar uma coisa da outra (o corpo do intelecto), porque o resultado pode ser catastrófico e muita gente pode virar inteligente. É que correr atrás de Pokemons só requer um bocadinho de corpo e o resto é o que "eles" mandam fazer (até já se fazem seguros para quem investe muito com o corpo, é que se morrer sempre pode levar o seguro no sarcófago). O pior disto tudo é que no fim - o corpo é que paga!!!



Tentativa de libertação


Banhas as patas no rio.
Contemplas o brilho do sol.
Ave inocente.
Olhas a natureza, 
que o homem mascarou,
pintada à sua semelhança.
Das patas fez mãos...
Ave inocente.
Transformada sem desejar,
em pequeno monstro,
faminto de liberdade.
Serei o homem?
Tal como tu faminto...
Pequeno monstro,
transformado sem desejar.
Inocente a contemplar a natureza.

Eu e tu a lutar por ideais,
humanos e sobrehumanos.
Ou talvez só lutar 
pelo que recusámos inconscientes,
(eu um homem tu ave)
contra o que nos impuseram
e não recusámos.

Lutar
pelo que não nos impuseram 

Liberdade. 


Ondeando


Os dias são feitos de horas,
de angústias, de correntes oceânicas.
Trazem algas escorregadias...
Tem cuidado!
Pisa as angústias. 
As algas levam-te ao mar,
e cais...
Sem pensar no monótono ciclo da vida.
Deixa as ondas rolar sem descanso.
Emerge sereno e constante,
do teu pensamento lúcido,
cheio de ti próprio.
Cheio do teu ser.

Os dias são feitos de horas,
De angústias, de ondas oceânicas.
E as ondas são feitas de ti.
Tu és a onda que rola,
bate nas duras rochas,
que têm grutas...
Se és onda és alga,
... e angústia, e dia, e hora.
Tu és tudo.
És o mundo e o mundo és tu.
Os outros e tu,
são uma massa informe e sensível,
escorregadia mas segura.
Cheia de horas e dias,
de mar, angústias e ondas que rolam.
Sem cessar


Existência


Eu sei...
que não acordei.
E edifiquei
tudo o que nunca terei.
Nem meu sonho inacabado
continuará.
Pois em frente
há todo um passado.
Frio como gente
que não veio e não virá.
Que acabado (meu sonho)...
Nasceria novamente em duplicado.
Como o meu espírito impotente.
Torturado.
De gente.


quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Horas de ir



  • Hora de ir trabalhar...é sempre a mesma coisa! Quando estou bem tenho que ir e quando estou mal vou ficando porque tenho esperança de que não seja para sempre. Dicotomias da vida. Ou apenas o eterno comodismo. Fico sem saber porque é que mantenho situações por demais evidentes...daquelas que estão erradas por excelência. Não serei tola ou ignorante, mas sou sem duvida incrédula quando o que vejo não me parece bem. Gosto de dar oportunidades. Nunca me saio bem disso, mas vou aprendendo. E os dias passam com a novas ensinadelas da vida. Fazem sempre bem. Mas agora são horas de ir trabalhar e eu gosto do meu trabalho, mas também gostava de ficar aqui quentinha neste cantinho da minha casa. Cá vou eu num até logo...breve!!!


  • Com um Sorriso nos Lábios

    A noite passada estava aqui a tentar escrever sobre esperas e saudades, quando o computador resolveu encravar. Lá tive eu de o reiniciar e, quando regressei, a pessoa de quem eu estava à espera antes... estava à minha espera.
    Lá estivémos a conversar pela noite dentro. Depois ainda me admiro de andar cheia de sono!!!
    Às vezes gostava de entender como consigo ficar a sorrir para o nada...
    Aqui estou eu, a madrugar. Levantei-me ainda não eram 6 horas...
    Ontem estava tão cansada, que adormeci cedíssimo!! É o trabalho, é o frio, são as outras pequenas coisas que vão mexendo comigo... todas ajudam a que ande de rastos!
    O que vale é que está a acabar esta pressão toda, depois é bem mais calmo.
    Mesmo cansada, tenho andado bem disposta... e isso é o mais importante de tudo.
    Continuo sem tempo para ir espreitar outros blogues, mas acho que este fim de semana vou fazer uma visita a todos eles. Devo ter imensa leitura para pôr em dia.


    O Tempo e o Vento

    Nunca percebi se gosto mais do dia ou da noite. Costumo trocá-los todos. Umas vezes porque o trabalho me obriga outras porque eu não sei dormir a tempo e horas. Dizem que há horas para dormir. Interrogo-me. Será que a noite serve para dormir? Nunca percebi muito bem qual a diferença entre a noite e o dia com as janelas completamente fechadas. De qualquer forma fica tudo escuro na mesma. Mas é diferente de facto. Quando durmo o dia todo acordo quase à noite e fica noite de novo. Como se ela durasse vinte e quatro horas. Já pensei inúmeras vezes nisso. Talvez por essa razão é que detesto o inverno. Dias curtos demais para eu passear entre a noite e o dia e aquilo que para mim me convém. Gosto dos dias grandes depois duma noite pequena. Mesmo que não tenha dormido ainda me sobra tempo para tudo durante o dia. Não sou complicada... antes pelo contrário... é simples demais... eu não controlo o tempo, mas gostava de o poder fazer. E porque o tempo é dono de tudo. E porque eu não o controlo. Rendo-me. Junto-me a ele. E sobrevivo a uma noite mal dormida. No fundo é uma questão de hábito.


    Meditação... Hoje



  • Fim de semana. Vou trabalhar e adio-o para o meio da semana que vem. A vida é isso mesmo. Um adiar de coisas que tardam mas não falham. Ter uma vida certinha não é para todos. E eu concerteza não tenho. Fico vento e fico chuva hoje, amanhã talvez seja o sol lindo que me deixa sorrir. Não serei inconstante mas acompanho tudo o que o exterior me transmite. Gosto de ficar quieta no inverno e de saltar nos dias de verão. No fundo não gosto muito de primaveras e outonos. Nem são carne nem peixe. Também não gosto de dias esquisitos. Nesses prefiro ficar sentada no meu sofá e ler um livro...e esperar que a crise passe! É bom seguir um ritmo mas também faz falta sair dele de vez em quando. Mas porque será que não posso ser apenas eu a decidir dessas coisas? Pois não. Nada é assim tão individual, pessoal, egoísta. Por muito só que me apeteça estar, tenho sempre que contar com uma cronologia incontrolável... o dia a dia que não controlo. Mas atingi a idade de já poder ser eu cada vez que quero, decidir, escolher...nem sempre, mas quase. Um dia vou decidir se parto... será???? Não isso não posso decidir. Que pena. Mas como também não quero partir fico bem assim nesta luta pela autonomia.


  • Pobreza



  • A pobreza... a pobreza faz-me sentir com pele de galinha de tão arrepiada que fico. O sofrimento. A angústia de não ter. A fome e a ansiedade de nada ter para dar aos filhos. A vergonha ou a pobreza envergonhada. O olhar triste e solitário. A falta de esperança. O esquecer que ainda há vida. Natal...o que é o Natal? O nosso, o dos outros, aquele dos que não precisam de pedir mas também nada dão. Injustiça. Vidas perdidas. Olho em volta e nada vejo. Tenho o meu canto quente e confortável... tenho tudo. Olho em volta e vejo tanta gente sem nada. A pobreza deles é a minha angústia. A angústia deles são as minhas dúvidas. Dúvidas acerca do valor das atitudes insolentes e obstinadas daqueles, alguns, com quem me cruzo diariamente...


  • Olhares

    "(...), a cegueira também é isto, viver num mundo
    onde se tenha acabado a esperança."

    José Saramago


    Magia



  • Adoro aqueles momentos mágicos que acontecem, quando digo às crianças: "Eu sou uma fada e as minhas asas são amarelas e cor-de-rosa".
    E depois vê-las a espreitar descaradamente para as minhas costas ou mais subtilmente pelo canto do olho...


  • Poesia

    Um poeta voa em direcção ao horizonte distante,
    para além do azul do mar.
    Alma nua, singela emoção,
    povoado de sonhos.
    Transcende os próprios limites,
    atira-se e deixa-se levar...
    Abre o coração a favor do quente sopro do vento,
    segue...
    Direcção ao Amor


    quarta-feira, 10 de outubro de 2012

    Toque

    ... Ela manteve os olhos fechados e o seu silêncio. Assim permaneceu dias e dias na sua dor solitária. Ninguém a visitou. Ninguém perguntou por ela. Além de mim, ninguém lhe pegou na mão ...
    … E talvez porque não tinha quem lhe limpasse uma lágrima, nunca chorou ...


    segunda-feira, 8 de outubro de 2012

    A Vaca

    Algumas das reminiscências da minha escola primária têm a ver com vacas. Porque a D.ª Albertina, a professora, uma mulher escalavrada e seca, mais mirrada que uva-passa, tinha um inexplicável fascínio por vacas. Primavera e vacas. De forma que, ora mandava fazer redacções sobre a primavera, ora se fixava na temática da vaca. A vaca era, assim, um assunto predilecto e de desenvolvimento obrigatório, o que, pela sua recorrência, se tornava insuportavelmente repetitivo.
    Um dia, o Zeca da Maria “gorda”, farto de escrever que a vaca era um mamífero vertebrado, quadrúpede ruminante e muito amigo do homem a quem ajudava no trabalho e a quem fornecia leite e carne, blá, blá, blá, decidiu, num verdadeiro impulso de rebelião criativa, explicar a coisa de outra forma. E, se bem me lembro ainda, escreveu mais ou menos isto:

    “A vaca, tal como alguns homens, tem quatro patas, duas à frente, duas atrás, duas à direita e duas à esquerda. A vaca é um animal cercado de pêlos por todos os lados, ao contrário da península que só não é cercada por um. O rabo da vaca não lhe serve para extrair o leite, mas para enxotar as moscas e espalhar a bosta. Na cabeça, a vaca tem dois cornos pequenos e lá dentro tem mioleira, que o meu pai diz que faz muito bem à inteligência e, por não comer mioleira, é que o padre é burro como um tamanco. Diz o meu pai e eu concordo, porque, na doutrina, me obriga a saber umas merdas de que não percebo nada como as bem-aventuranças. A vaca dá leite por fora e carne por dentro, embora agora as vacas já não façam tanta falta, porque foi descoberto o leite em pó. A vaca é um animal triste todo o ano, excepto no dia em que vai ao boi, disse-me o pai do Valdemar “pauzinho”, que é dono do boi onde vão todas as vacas da freguesia. Um dia perguntei ao meu pai o que era isso da vaca ir ao boi e levei logo um estalo no focinho. O meu pai também diz que a mulher do regedor é uma vaca e eu também não entendi. Mas, escarmentado, já nem lhe perguntei se ela também ia ao boi.”

    Foi assim. Escusado será dizer que a D.ª Albertina, pouco dada a brincadeiras criativas, afinfou no pobre do Zeca um enxerto de porrada a sério. Mas acabou definitivamente com a vaca como tema de redacção.

    quarta-feira, 31 de agosto de 2011

    ...

    Depois da tempestade tudo que eu quero são dias de sol...
    E assim a minha vida vai ganhando os dias de sol.
    Cada dia mais iluminado que o outro...

    quarta-feira, 24 de agosto de 2011

    Bolo de Arroz

    Gosto dum bom bolo de arroz. Com aquela capa superior bem estaladiça... Nunca fui gulosa, mas gosto de, tempos a tempos, comer um bom doce. E para ser doce tem que ter muito açúcar. Não me enganam com doces light. Não acredito que um doce faça engordar. Acredito, isso sim, que me faz inchar de prazer quando o como, lambo a boca e fecho um bocadinho os olhos a cada dentada. Tem qualquer coisa de sensual. Há nisto tudo um deleite que, a ser sentido todos os dias, perdia o sabor. Costumo de mês a mês, quase, comer numa qualquer pastelaria uma bola daquelas cheias de creme amarelo. Confesso que é uma badalhoquice. O creme e eu temos o dom de sujar tudo...até a ponta do nariz! Por isso um bom bolo de arroz é o doce perfeito. Nem muito nem pouco. Aquela medida do prazer satisfeito.


    sexta-feira, 19 de agosto de 2011

    Hoje...sempre

    E um dia tu paras e pensas quantos anos tens. Fazes uma conta de subtrair onde colocas o ano actual em cima e por baixo o ano em que nasceste. O que resulta? Não sei quantos anos de pecados e boas acções. Perguntas a ti própria o que é que isso significa para ti. Percebes então que nada podes subtrair mas sim somar. Que nada é positivo ou negativo mas sim ocorrências. Que nada falta nem sobra. Que apenas deves continuar em frente e ver o dia de hoje como uma dádiva que não compras em qualquer loja. Então percebes que tudo o que fizeste foi fruto do momento e esteve certo no momento certo. Deves continuar assim. Porque a vida é isso mesmo. Uma sucessão de dias que nunca se repetem e são o que têm que ser hoje - nunca como foram ontem. Depois de mais de meio século estou grata pelos anos e por poder sorrir todos os dias mesmo que seja pouco. Agradecida por ter para quem sorrir.


    sábado, 13 de agosto de 2011

    Um dia acordas

    Um dia tu acordas e sentes que já não és a mesma pessoa, que o cheiro da vida mudou, que as antigas motivações não te servem, como roupas antigas e apertadas, desbotadas pelo uso excessivo.
    Um dia tu acordas e percebes que a luz está diferente, que os sons da vizinhança não te dizem respeito, que o som do teu coração está cansado das mesmas batidas e a pedir para voar. Percebes que os antigos sonhos, já não têm lugar naquele pouco espaço que lhes foi destinado, como uma revoada de passarinhos a fazer um barulho incrível no teu peito, batendo as asas e soltando as penas.
    Tu acordas e dás conta do que não fizeste, onde não chegaste, dos arranjos, das coisas e gentes que tiveste e não conseguiram ser íntegras consigo mesmas.
    Um dia acordas e percebes, com decepção, que quiseste acreditar em tantas crenças e doutrinas, que te esforçaste para agradar a gregos e troianos, disseste “sim” quando queria dizer “não” e evitaste dizer “não” tantas vezes que já não sabias qual era o teu querer, quais eram os teus sabores preferidos e qual a direção que escolheste caminhar.
    Da mesma forma, acordas e percebes que estavas com saudade da tua música, dos teus livros, dos teus segredos e do teu ócio. Acordas e olhas para o tecto, vês possibilidades, sorris, simpatizas com a aranha que tece teimosa a despeito das estocadas diárias da vassoura. Sem se render, ela recomeça durante a noite e agora tu percebes que existe a coragem de recomeçar.
    Um dia tu acordas e lembra-te que ris-te, comeste e sentaste-te à mesa com gente que de facto nunca se importou contigo enquanto oferecias o teu melhor sorriso.
    Um dia tu acordas cansada de dizer que está cansada de viver e decides que vais correr o risco de recapitular as tuas teologias e filosofias.
    Um dia. Um dia tu acordas.






    segunda-feira, 18 de julho de 2011

    Coisas da Vida

    Passado mais de meio século de existência procuro fazer balanços. Momentos de meditação que por não serem importantes, são pelo menos formas compostas de perceber o que vivi. Sempre com saldo positivo. Por duas razões, uma porque teve que ser e outra porque não podia ser de outra forma. Há no entanto dois ditados a que me reporto e onde encontro um resumo quase perfeito e linear.
    "A montanha pariu um rato" e "Não importa o tamanho da montanha, ela não pode tapar o sol".
    No meu caso, e porque tenho pouco mais do que metro e meio consegui inverter o sentido da primeira frase. Mas nada é por acaso. É que se no primeiro caso temos um provérbio bem português, no segundo temos um que é de origem chinesa.
    Como portugueses que somos temos o privilégio de inverter a vida, os sentidos e os conceitos. Depois justificamos-nos com a evolução, com os traumas, com tudo o que nos possa tornar impunes. Mas para compor as coisas, e rebuscando os baús do bom senso, lá vem o segundo provérbio, que talvez por ser mais sábio e vindo de outros povos onde as regras não se apagam, fica tudo explicado... tão nítido como a água dos rios que corre direitinha para o mar. Destino para que foi destinada. Como eu, como todos nós, filhos, amigos, vizinhos.
    E o que é certo é que a montanha está lá quantas vezes indiferente ao ratinho que a pariu.
    Coisas da vida.





    sexta-feira, 8 de julho de 2011

    Estou cansada


    Estou cansada!
    Cansada de sentir, de ver,
    De pensar e parecer
    Cansada do que me rodeia,
    E para o qual não sei viver.
    ...Estou cansada de estar cansada,
    De pensamentos e ideais
    Porque estar cansada, cansa,
    E cansada estou eu de mais.
    Ao longe, avisto a calma,
    Que me sorri como a vida passada
    E para lá vou deambulando.
    Deito-me e adormeço…cansada.