quarta-feira, 31 de agosto de 2011

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Depois da tempestade tudo que eu quero são dias de sol...
E assim a minha vida vai ganhando os dias de sol.
Cada dia mais iluminado que o outro...

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Bolo de Arroz

Gosto dum bom bolo de arroz. Com aquela capa superior bem estaladiça... Nunca fui gulosa, mas gosto de, tempos a tempos, comer um bom doce. E para ser doce tem que ter muito açúcar. Não me enganam com doces light. Não acredito que um doce faça engordar. Acredito, isso sim, que me faz inchar de prazer quando o como, lambo a boca e fecho um bocadinho os olhos a cada dentada. Tem qualquer coisa de sensual. Há nisto tudo um deleite que, a ser sentido todos os dias, perdia o sabor. Costumo de mês a mês, quase, comer numa qualquer pastelaria uma bola daquelas cheias de creme amarelo. Confesso que é uma badalhoquice. O creme e eu temos o dom de sujar tudo...até a ponta do nariz! Por isso um bom bolo de arroz é o doce perfeito. Nem muito nem pouco. Aquela medida do prazer satisfeito.


sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Hoje...sempre

E um dia tu paras e pensas quantos anos tens. Fazes uma conta de subtrair onde colocas o ano actual em cima e por baixo o ano em que nasceste. O que resulta? Não sei quantos anos de pecados e boas acções. Perguntas a ti própria o que é que isso significa para ti. Percebes então que nada podes subtrair mas sim somar. Que nada é positivo ou negativo mas sim ocorrências. Que nada falta nem sobra. Que apenas deves continuar em frente e ver o dia de hoje como uma dádiva que não compras em qualquer loja. Então percebes que tudo o que fizeste foi fruto do momento e esteve certo no momento certo. Deves continuar assim. Porque a vida é isso mesmo. Uma sucessão de dias que nunca se repetem e são o que têm que ser hoje - nunca como foram ontem. Depois de mais de meio século estou grata pelos anos e por poder sorrir todos os dias mesmo que seja pouco. Agradecida por ter para quem sorrir.


sábado, 13 de agosto de 2011

Um dia acordas

Um dia tu acordas e sentes que já não és a mesma pessoa, que o cheiro da vida mudou, que as antigas motivações não te servem, como roupas antigas e apertadas, desbotadas pelo uso excessivo.
Um dia tu acordas e percebes que a luz está diferente, que os sons da vizinhança não te dizem respeito, que o som do teu coração está cansado das mesmas batidas e a pedir para voar. Percebes que os antigos sonhos, já não têm lugar naquele pouco espaço que lhes foi destinado, como uma revoada de passarinhos a fazer um barulho incrível no teu peito, batendo as asas e soltando as penas.
Tu acordas e dás conta do que não fizeste, onde não chegaste, dos arranjos, das coisas e gentes que tiveste e não conseguiram ser íntegras consigo mesmas.
Um dia acordas e percebes, com decepção, que quiseste acreditar em tantas crenças e doutrinas, que te esforçaste para agradar a gregos e troianos, disseste “sim” quando queria dizer “não” e evitaste dizer “não” tantas vezes que já não sabias qual era o teu querer, quais eram os teus sabores preferidos e qual a direção que escolheste caminhar.
Da mesma forma, acordas e percebes que estavas com saudade da tua música, dos teus livros, dos teus segredos e do teu ócio. Acordas e olhas para o tecto, vês possibilidades, sorris, simpatizas com a aranha que tece teimosa a despeito das estocadas diárias da vassoura. Sem se render, ela recomeça durante a noite e agora tu percebes que existe a coragem de recomeçar.
Um dia tu acordas e lembra-te que ris-te, comeste e sentaste-te à mesa com gente que de facto nunca se importou contigo enquanto oferecias o teu melhor sorriso.
Um dia tu acordas cansada de dizer que está cansada de viver e decides que vais correr o risco de recapitular as tuas teologias e filosofias.
Um dia. Um dia tu acordas.