quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Horas de ir



  • Hora de ir trabalhar...é sempre a mesma coisa! Quando estou bem tenho que ir e quando estou mal vou ficando porque tenho esperança de que não seja para sempre. Dicotomias da vida. Ou apenas o eterno comodismo. Fico sem saber porque é que mantenho situações por demais evidentes...daquelas que estão erradas por excelência. Não serei tola ou ignorante, mas sou sem duvida incrédula quando o que vejo não me parece bem. Gosto de dar oportunidades. Nunca me saio bem disso, mas vou aprendendo. E os dias passam com a novas ensinadelas da vida. Fazem sempre bem. Mas agora são horas de ir trabalhar e eu gosto do meu trabalho, mas também gostava de ficar aqui quentinha neste cantinho da minha casa. Cá vou eu num até logo...breve!!!


  • Com um Sorriso nos Lábios

    A noite passada estava aqui a tentar escrever sobre esperas e saudades, quando o computador resolveu encravar. Lá tive eu de o reiniciar e, quando regressei, a pessoa de quem eu estava à espera antes... estava à minha espera.
    Lá estivémos a conversar pela noite dentro. Depois ainda me admiro de andar cheia de sono!!!
    Às vezes gostava de entender como consigo ficar a sorrir para o nada...
    Aqui estou eu, a madrugar. Levantei-me ainda não eram 6 horas...
    Ontem estava tão cansada, que adormeci cedíssimo!! É o trabalho, é o frio, são as outras pequenas coisas que vão mexendo comigo... todas ajudam a que ande de rastos!
    O que vale é que está a acabar esta pressão toda, depois é bem mais calmo.
    Mesmo cansada, tenho andado bem disposta... e isso é o mais importante de tudo.
    Continuo sem tempo para ir espreitar outros blogues, mas acho que este fim de semana vou fazer uma visita a todos eles. Devo ter imensa leitura para pôr em dia.


    O Tempo e o Vento

    Nunca percebi se gosto mais do dia ou da noite. Costumo trocá-los todos. Umas vezes porque o trabalho me obriga outras porque eu não sei dormir a tempo e horas. Dizem que há horas para dormir. Interrogo-me. Será que a noite serve para dormir? Nunca percebi muito bem qual a diferença entre a noite e o dia com as janelas completamente fechadas. De qualquer forma fica tudo escuro na mesma. Mas é diferente de facto. Quando durmo o dia todo acordo quase à noite e fica noite de novo. Como se ela durasse vinte e quatro horas. Já pensei inúmeras vezes nisso. Talvez por essa razão é que detesto o inverno. Dias curtos demais para eu passear entre a noite e o dia e aquilo que para mim me convém. Gosto dos dias grandes depois duma noite pequena. Mesmo que não tenha dormido ainda me sobra tempo para tudo durante o dia. Não sou complicada... antes pelo contrário... é simples demais... eu não controlo o tempo, mas gostava de o poder fazer. E porque o tempo é dono de tudo. E porque eu não o controlo. Rendo-me. Junto-me a ele. E sobrevivo a uma noite mal dormida. No fundo é uma questão de hábito.


    Meditação... Hoje



  • Fim de semana. Vou trabalhar e adio-o para o meio da semana que vem. A vida é isso mesmo. Um adiar de coisas que tardam mas não falham. Ter uma vida certinha não é para todos. E eu concerteza não tenho. Fico vento e fico chuva hoje, amanhã talvez seja o sol lindo que me deixa sorrir. Não serei inconstante mas acompanho tudo o que o exterior me transmite. Gosto de ficar quieta no inverno e de saltar nos dias de verão. No fundo não gosto muito de primaveras e outonos. Nem são carne nem peixe. Também não gosto de dias esquisitos. Nesses prefiro ficar sentada no meu sofá e ler um livro...e esperar que a crise passe! É bom seguir um ritmo mas também faz falta sair dele de vez em quando. Mas porque será que não posso ser apenas eu a decidir dessas coisas? Pois não. Nada é assim tão individual, pessoal, egoísta. Por muito só que me apeteça estar, tenho sempre que contar com uma cronologia incontrolável... o dia a dia que não controlo. Mas atingi a idade de já poder ser eu cada vez que quero, decidir, escolher...nem sempre, mas quase. Um dia vou decidir se parto... será???? Não isso não posso decidir. Que pena. Mas como também não quero partir fico bem assim nesta luta pela autonomia.


  • Pobreza



  • A pobreza... a pobreza faz-me sentir com pele de galinha de tão arrepiada que fico. O sofrimento. A angústia de não ter. A fome e a ansiedade de nada ter para dar aos filhos. A vergonha ou a pobreza envergonhada. O olhar triste e solitário. A falta de esperança. O esquecer que ainda há vida. Natal...o que é o Natal? O nosso, o dos outros, aquele dos que não precisam de pedir mas também nada dão. Injustiça. Vidas perdidas. Olho em volta e nada vejo. Tenho o meu canto quente e confortável... tenho tudo. Olho em volta e vejo tanta gente sem nada. A pobreza deles é a minha angústia. A angústia deles são as minhas dúvidas. Dúvidas acerca do valor das atitudes insolentes e obstinadas daqueles, alguns, com quem me cruzo diariamente...


  • Olhares

    "(...), a cegueira também é isto, viver num mundo
    onde se tenha acabado a esperança."

    José Saramago


    Magia



  • Adoro aqueles momentos mágicos que acontecem, quando digo às crianças: "Eu sou uma fada e as minhas asas são amarelas e cor-de-rosa".
    E depois vê-las a espreitar descaradamente para as minhas costas ou mais subtilmente pelo canto do olho...


  • Poesia

    Um poeta voa em direcção ao horizonte distante,
    para além do azul do mar.
    Alma nua, singela emoção,
    povoado de sonhos.
    Transcende os próprios limites,
    atira-se e deixa-se levar...
    Abre o coração a favor do quente sopro do vento,
    segue...
    Direcção ao Amor


    quarta-feira, 10 de outubro de 2012

    Toque

    ... Ela manteve os olhos fechados e o seu silêncio. Assim permaneceu dias e dias na sua dor solitária. Ninguém a visitou. Ninguém perguntou por ela. Além de mim, ninguém lhe pegou na mão ...
    … E talvez porque não tinha quem lhe limpasse uma lágrima, nunca chorou ...


    segunda-feira, 8 de outubro de 2012

    A Vaca

    Algumas das reminiscências da minha escola primária têm a ver com vacas. Porque a D.ª Albertina, a professora, uma mulher escalavrada e seca, mais mirrada que uva-passa, tinha um inexplicável fascínio por vacas. Primavera e vacas. De forma que, ora mandava fazer redacções sobre a primavera, ora se fixava na temática da vaca. A vaca era, assim, um assunto predilecto e de desenvolvimento obrigatório, o que, pela sua recorrência, se tornava insuportavelmente repetitivo.
    Um dia, o Zeca da Maria “gorda”, farto de escrever que a vaca era um mamífero vertebrado, quadrúpede ruminante e muito amigo do homem a quem ajudava no trabalho e a quem fornecia leite e carne, blá, blá, blá, decidiu, num verdadeiro impulso de rebelião criativa, explicar a coisa de outra forma. E, se bem me lembro ainda, escreveu mais ou menos isto:

    “A vaca, tal como alguns homens, tem quatro patas, duas à frente, duas atrás, duas à direita e duas à esquerda. A vaca é um animal cercado de pêlos por todos os lados, ao contrário da península que só não é cercada por um. O rabo da vaca não lhe serve para extrair o leite, mas para enxotar as moscas e espalhar a bosta. Na cabeça, a vaca tem dois cornos pequenos e lá dentro tem mioleira, que o meu pai diz que faz muito bem à inteligência e, por não comer mioleira, é que o padre é burro como um tamanco. Diz o meu pai e eu concordo, porque, na doutrina, me obriga a saber umas merdas de que não percebo nada como as bem-aventuranças. A vaca dá leite por fora e carne por dentro, embora agora as vacas já não façam tanta falta, porque foi descoberto o leite em pó. A vaca é um animal triste todo o ano, excepto no dia em que vai ao boi, disse-me o pai do Valdemar “pauzinho”, que é dono do boi onde vão todas as vacas da freguesia. Um dia perguntei ao meu pai o que era isso da vaca ir ao boi e levei logo um estalo no focinho. O meu pai também diz que a mulher do regedor é uma vaca e eu também não entendi. Mas, escarmentado, já nem lhe perguntei se ela também ia ao boi.”

    Foi assim. Escusado será dizer que a D.ª Albertina, pouco dada a brincadeiras criativas, afinfou no pobre do Zeca um enxerto de porrada a sério. Mas acabou definitivamente com a vaca como tema de redacção.