Passado mais de meio século de existência procuro fazer balanços. Momentos de meditação que por não serem importantes, são pelo menos formas compostas de perceber o que vivi. Sempre com saldo positivo. Por duas razões, uma porque teve que ser e outra porque não podia ser de outra forma. Há no entanto dois ditados a que me reporto e onde encontro um resumo quase perfeito e linear.
"A montanha pariu um rato" e "Não importa o tamanho da montanha, ela não pode tapar o sol".
No meu caso, e porque tenho pouco mais do que metro e meio consegui inverter o sentido da primeira frase. Mas nada é por acaso. É que se no primeiro caso temos um provérbio bem português, no segundo temos um que é de origem chinesa.
Como portugueses que somos temos o privilégio de inverter a vida, os sentidos e os conceitos. Depois justificamos-nos com a evolução, com os traumas, com tudo o que nos possa tornar impunes. Mas para compor as coisas, e rebuscando os baús do bom senso, lá vem o segundo provérbio, que talvez por ser mais sábio e vindo de outros povos onde as regras não se apagam, fica tudo explicado... tão nítido como a água dos rios que corre direitinha para o mar. Destino para que foi destinada. Como eu, como todos nós, filhos, amigos, vizinhos.
E o que é certo é que a montanha está lá quantas vezes indiferente ao ratinho que a pariu.
Coisas da vida.