quarta-feira, 27 de julho de 2016

O grito

São estes pequeno quês que nos fazem arrepiar, mesmo não sendo adeptos de nada. Mas quando se é adepto de Portugal acabamos por, mais do que arrepiar, lançar gritos de alegria. Não grita o profissional, não grita o homem que estudou para relatar; grita a alma dum povo numa única voz; cala-se a voz quando agora todos gritamos ao som da nossa alegria. Afinal gosta-se ou não de futebol? E quando andamos para aí a dizer que o desporto não é só bola; que os jogadores ganham mais num dia do que ganhamos num ano; que o país quer é "fátima, fado e bola"? Dizemos alguma coisa ou apenas somos os protagonistas críticos dum desespero diário perante uma vida de contrariedades. Quem paga é o mexilhão, e as línguas crescem para o lado daquilo que gostaríamos de ser (ter) e parece que nos é inalcansável. Mas falamos e dizemos o que vem à cabeça. Se eles ganham são heróis, mas se perdem são uns privilegiados. E nós uns coitaditos que nunca temos nada. Ou uns enormes portugueses; deixamos de ser sofredores para ser um país. Mudamos tanto, tanto que até parecemos meios malucos a falar. O importante é que muitas vezes corre bem, deseja-se "boa sorte" e assim contribuímos para uma cota parte do sucesso. Às vezes até rezamos a Deus, ou fazemos menção disso com um sinal da cruz. Como se Deus percebesse alguma coisa de futebol! Mas não importa nada disso; o que importa é que ficamos felizes.